segunda-feira, 19 de outubro de 2009

EMBATE LITERÁRIO


O Poeta, munido de seu arsenal bélico – a palavra escrita!
Empunha ferozmente a pena afiada e esfaceladora,
Ergue o gládio da linguagem e brande a hasta literária,
Para escrever, em letras garrafais e sanguinolentas,
No coração desarmado do leitor incauto e desprevenido,
O poema devastador e cataclísmico da verdade elegíaca:

Tecendo golpes profundos de metafóricas Ambigüidades
De metonímicas Aliterações, de eufemísticas Catacreses
De anafóricas Hipérboles, e de irônicas e paradoxais Onomatopéias,
Vai perfurando as vísceras, dilacerando a epiderme,
Atravessando o encéfalo, quebrando as articulações emocionais
Da, então, combalida alma leitora – que desfalece literalmente!

É um combate injusto – tamanha beligerante superioridade.
Mas o Poeta – conhecedor empírico da gramática lingüística,
Sapiente das técnicas poéticas e da parafernália textual –
Sentindo a necessidade intrínseca de manter o leitor vivo,
Apenas hipnotiza-o com suas voluptuosas e efusivas palavras,
Tornando-o escravo de seus jogos e figuras de linguagens sedutoras...

James Wilker
. Escrito em 05 de outubro de 2009

*Esse poema foi escrito logo após um debate sobre o leitor e escritor. E com a contribuição hipnotica do conto Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa, onde o autor brinca com nossa imaginação, com nossas interpretações...

Nenhum comentário: