segunda-feira, 19 de outubro de 2009

COISAMENTE!


A coisa tem forma disforme:
É esfericamente quadrilátera,
Tridimensional, liquefeita e elíptica.
Em cada um dos seus lados oblíquos
Percebe-se, diagonalmente, a polidez versátil de suas entranhas...
Nebulosa, traz em seu centro as adjacências perpendiculares
De suas extremidades concêntricas.
Não se vai além de suas curvilíneas abstrações...
Mas, atentando-se para os pontos reticulados e sinuosos
De suas excrescências, pode-se, claramente,
Verificar a transparência difusa de suas partes desfragmentadas.
É uma desfiguração continua, desmembrando-se...
O obscuro objeto indeterminado, oculto:
Contraindo-se, dispersando-se, fundindo-se, sublimando-se,
Avolumando-se, flexibilizando-se, desconstruindo-se...

É concreta, petrificada, porém incomensurável.
Contornável, epidérmica, mas incognoscível.
Sua volubilidade é constituída de insondáveis Arcanos...
Seu corpo imaterial tem estruturas moleculares diáfanas
Que interceptam o rompimento do vazio.
Sua totalidade cósmica e etérea se esvai
Ante a compactação de suas partículas atômicas...

Mas, num desprocesso inconcebível,
Toda sua complexidade indevassável...
Se coisifica na simplicidade de um objeto qualquer!


James Wilker. Escrito em 18 de maio de 2009)

* Esse poema foi criado com a intenção de desbanalizar a palavra coisa, e também, para representar a curiosidade que temos (além da incrível imaginação) quando alguém diz que vai nos contar alguma coisa num outro dia, e aí, depois de dias imagninando e formulando o que seria a "tal" coisa, ele nos surpreende com algo tão insignificante que mal podíamos pensar.

Nenhum comentário: